As recentes orientações saídas do plenário dos Orgãos sociais do Benfica serviram de mote a um artigo de opinião do jornalista Rui Santos.
Concordo com algumas coisas que disse e discordo doutras.
Partilho o artigo convosco.
Acostumados às declarações bombásticas dos dirigentes desportivos, sempre que se sentem acossados ou maltratados pelo sector da arbitragem, o País (desportivo) reagiu com indiferença ao comunicado do plenário dos órgãos sociais do Benfica presidido por Luís Nazaré.
Há quem fale de “bluff”. Há quem fale de desespero.
A matéria tratada em comunicado não é suscetível, porém, de ser encarada com leviandade. É matéria demasiado séria.
Ninguém pode acreditar que o Benfica esteja a fazer “bluff” para colher frutos no imediato, numa semana marcada pelo regresso à Liga dos Campeões e pelo dérbi (da) capital com o Sporting.
Um eventual logro europeu está ultrapassado, mas é na prova mais importante do calendário futebolístico nacional que o Benfica está a falhar, com uma distância impensável de 9 pontos para o FC Porto, à 4.ª jornada da Liga.
Perante os danos provocados pela incompetência da equipa de arbitragem chefiada por Olegário Benquerença em Guimarães, esperava-se que os responsáveis benfiquistas reagissem. E assim aconteceu após o jogo, numa ação concertada, com Rui Costa, Jorge Jesus, Luís Filipe Vieira e alguns jogadores a dar voz (grossa) à indignação.
Pensar-se-ia que, mesmo correndo o risco de cair em contradição com o que acontecera na época passada (silêncio quase absoluto sobre arbitragens), a multiplicação de queixas desenvolvidas e repetidas pela comunicação social no fim-de-semana poderia por si só produzir as suas consequências, porque há uma lei muito antiga na bola indígena segundo a qual quem se queixa vê, normalmente, serem acolhidos os seus protestos no curtíssimo prazo. É a velha e ordinária lei da compensação.
É uma deformação sistémica, uma técnica subversiva que vem traindo a verdade desportiva, designadamente no espaço competitivo ocupado pelos “grandes”, uma vez que os “pequenos” não podem meter-se nestas lutas. Comem e calam.
Os responsáveis do Benfica dizem, em comunicado, que a intenção não é intimidar. É bom que não seja, na realidade, porque o futebol português não suporta mais alguns “fogos postos” por falsos bombeiros.
O comunicado é histórico e representa uma revolução no futebol português, se forem concretizadas todas as intenções processadas num autêntico manifesto. A saber:
1. Um desafio claro à Liga, mais concretamente na pessoa de Vítor Pereira;
2. Ausência de adeptos benfiquistas nos jogos fora de “casa”;
3. Suspensão das negociações com a Olivedesportos relativas aos direitos desportivos (2012-13);
4. Ausência na Taça da Liga;
5. “Investigação” sobre as notas dos observadores;
6. Intolerância perante manifestações de violência nas deslocações ao Porto;
7. Denúncia da passividade de Laurentino Dias perante factos relevantes da história recente da bola lusa e proclamação inequívoca da sua excomungação.
São “guerras” a mais? São. Mas o que está em causa é uma guerra de poder. É a avaliação da força do Benfica. E, no meio de algumas incoerências, trata-se de uma posição necessária, com efeito “bomba atómica”, se não estivermos, repito, perante um exercício de mera demagogia. E, se for o caso (para “virar” a arbitragem), a gravidade é ainda maior.
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