sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Taxas e tachos

Em Portugal, os clubes deixaram de se preocupar, nalguns casos, com o objeto primacial dos seus estatutos, para dar guarida a um conjunto de pessoas que veem neles uma extraordinária hipótese de se governarem.
A elite política, em lato sensu, durante anos, encheu os bolsos à custa da ignorância/desinformação dos eleitores, alguns dos quais – no plano das elites, sempre – beneficiaram, igualmente, de um conjunto de imparidades, muito bem camufladas pelo sistema financeiro. Pela banca, por organismos estatais e por uma economia paralela transversal ao mercado de trabalho a criar a ilusão de que seria possível perpetuar a artificialidade e a mentira, recorrendo a mecanismos de controlo e fiscalização que, afinal, apenas controlaram e fiscalizaram os impulsos, sempre esporádicos e isolados, da descoberta da verdade.
E eis-nos de tanga, divididos entre a aprovação e o chumbo do Orçamento, certos de que não haverá “golos” suficientes para resolver e atenuar o impacte de uma crise a poder ter um impacte bem menor nas nossas vidas, se não houvesse tanta promessa, tanta demagogia, repito, tanta mentira e tantos truques a cavar desigualdades sociais absolutamente arrepiantes.
O futebol, à escala universal, percorreu o mesmo caminho: campeonatos comprados, árbitros corrompidos, candidaturas compradas e um sistema inimputável de tráfico de influências, a desvirtuar a Verdade Desportiva.
O futebol gastou o que não tinha, inflacionou os passes dos jogadores, proclamou um regime de intermediação que pagou comissões milionárias por jogadores-pernas-de-pau, utilizando off-shores e fugindo à tributação/taxação do Fisco.
Esgotaram-se quase todas as fórmulas receituárias de criação de riqueza. E entrámos no “vale-tudo”. Os clubes deixaram de ser “desportivos” para serem, nalguns casos, bons empregadores, cortando nos “mil euristas” para continuar a pagar altos vencimentos a um conjunto de funcionários ou contratados a prazo, aos quais é preciso juntar a lógica das pornográficas indemnizações. Sem auditorias externas. Entre as taxas e os tachos, há um mundo para regular.
NOTA – O Benfica partiu para a atual edição da Champions com grande optimismo, designadamente declarado pelo seu treinador. Nem Jorge Jesus contabilizou o impacte das saídas de Ramires e Di María e as “não entradas” de Salvio, Jara e Gaitán. Há menos David Luiz, muito menos Maxi e a equipa joga em esforço, assim a modos que “à força do chicote”. Fábio Coentrão não chega para tudo. E a equipa esforça-se mas não tem qualidade para mais. É difícil fazer o reconhecimento da realidade por quem fez um campeonato tão “excecional” na época passada. Daí talvez o nervosismo. Daí talvez a dificuldade de se aceitar que este Benfica é uma caricatura do “Benfica-campeão-nacional”...
NOTA 1 – O presidente da AG da FPF, Avelino Ribeiro, disse (em 15 do corrente) que “os estatutos não consentem eleições intercalares” (para o Conselho de Justiça da FPF). Agora acaba de convocá-las. Quem aceitar este ‘presente envenenado’ (em nome de que princípio?) ficará “marcado para a vida”. Fazem fila os “técnicos-de-Direito-de-vão-de-escada”? A crise é grande, mas...

3 comentários:

abidos disse...

Cronica?
Quem escreveu?

Manuel Oliveira disse...

Foi esquecimento, amigo Abidos.
Rui Santos, no Record de ontem.

Abraço.

abidos disse...

Obrigado

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