Gosto de ler os artigos de opinião do Dr. Ricardo Costa. E gosto porque se vê que ele fala de assuntos com conhecimento de causa. Aqui vai o desta semana.
1. Era esperado: desfilam nomes e levantam-se ameaças à volta da  Federação. Enquanto não chegar o dia 2 de dezembro – “o dia da  revelação” sobre o Mundial’2018 –, nada de relevante vai acontecer.  Porque contra factos não haverá argumentos: os cenários serão os que a  FIFA (indiretamente) ditar. Para já atiram-se nomes, mas sem estratégia,  sem projetos e sem destino. Sem cobiçar onde se quer colocar o futebol  daqui a, pelo menos, dez anos. Esta seria, aliás, uma bela oportunidade  para lançar um dos outros desafios do nosso futebol (que nos tem feito  refletir nas últimas semanas): a (falta de) concertação entre clubes,  jogadores, treinadores e árbitros. O mesmo é dizer entre a Federação, a  Liga, as Associações Distritais e as associações representativas de  jogadores, treinadores e árbitros. Ou seja, falamos dos agentes que  fazem girar o jogo e cujos interesses se cruzam em favor (ou em  desfavor) desse mesmo jogo. 
2. Disseram-me durante os últimos  anos que essa concertação seria impossível de atingir. As ambições  pessoais e as sedes cíclicas de protagonismo das “cabeças” dessas  organizações seriam obstáculo a essa união de esforços. Julguei então e  julgo agora que essa é uma inevitabilidade que necessita de melhor  prova. E, na minha ótica, a Liga perdeu uma oportunidade de mudar de  ciclo. De facto, desde o Regime Jurídico das Federações de 2008 que é  permitido à Liga receber como associados sujeitos para além dos clubes.  Cabe depois à sua autonomia estatutária adotar essa possibilidade ou  não. Por outras palavras: cabe aos clubes permitir ou não que os  treinadores, os jogadores e os árbitros passem a ser associados da Liga.  Que, relembre-se, não se denomina “Liga de Clubes” – é Liga Portuguesa  de Futebol Profissional. Que, para além de defender por berço os  interesses dos clubes, é uma associação que exerce poderes públicos  delegados pelo Estado e pela Federação. É tempo de superar a alusão  exclusiva da Liga a uma “associação patronal” – embora o também deva  ser, em parte fundamental. Há muito, porém, que esse conceito deveria  ter sabido evoluir para a “associação do futebol profissional” – em  proveito dos clubes.
3. A revisão dos estatutos da Liga, em agosto  de 2010, não acompanhou essa faculdade que a lei proporciona. Devia  tê-lo ponderado. Veja um só exemplo. Faz algum sentido que sejam os  clubes a decidir em exclusivo os regulamentos nos quais são previstos os  castigos para os jogadores, técnicos e árbitros e nos quais se  disciplina a arbitragem? Sem qualquer palavra institucional e  possibilidade de atender formalmente aos interesses e à legítima vontade  de intervenção desses agentes? Para mim, nenhum! Se, na Federação, essa  presença assume a qualidade de “sócio ordinário”, mas, historicamente,  sem benefício efetivo, na Liga poderia dar-se o passo que a elevaria a  força motriz do entendimento entre quem conta para o jogo. Um  laboratório de um futebol mais partilhado e transparente para todos,  sediado na Rua da Constituição, no Porto. Talvez no futuro, que sempre  chega… A sede continuará lá e, certamente, terá espaço para todos! 










2 comentários:
Eu já lá disse no Record, não sei se publicaram ou não, mas o Porto devia fazer-lhe uma estátua como a do Eusébio. Só lhes ter tirado 6 pontos num campeonato que tinha 18 de avanço... Bom, em Itália desceram, e a Juve acabou mesmo por «passar as passas do Algarve» para voltar à primeira! Cá... 6 pontinhos, e ui, ui!
E ainda se queixam do Hulk. Lei deles, feita por eles, que ficassem suspensos preventivamente... Só rir, com estes artolas!
Abraço
Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera
Bimbosfera.blogspot.com
Márcio, vi os teus comentários no Record no dia em que li este artigo, era para brincar contigo, mas acabei esquecendo.
Abraço.
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