O jogo que levou o líder do campeonato a Guimarães – na semana em que  chegaram à Internet novos “capítulos” das escutas do Apito Dourado, que  a justiça desportiva optou por desconsiderar, porventura chocada com o  estilo do Português que por ali se pratica – chegou para provar várias  coisas. Numa vertente exterior à partida, ficou patente a facilidade com  que André Villas-Boas muda de tom e de discurso, consoante a sua equipa  chega ou não ao triunfo. Acontece que os tiros do treinador do FC Porto  foram todos de “pólvora seca” – ele viu (ou diz que os seus jogadores  viram) um penálti “claro” contra o Vitória. Azar: foram poucos os  comentadores que vieram dar-lhe razão. Ignorou um penálti, quase  unanimemente reconhecido, de Fucile sobre Edgar. E lançou-se numa  exaltada diatribe contra tudo e contra todos. Ora, se muito nos motiva a  todos o direito à indignação, convém que este seja exercido em nome de  factos visíveis – e não de fantasias moldadas pela conveniência do  momento. Mais pedagógico teria sido ver Villas-Boas ter reconhecido que o  FC Porto perdeu os primeiros pontos “por preguiça, por arrogância, por  falta de atitude”, expressões escolhidas por Miguel Sousa Tavares para  caracterizar a ocorrência. Infelizmente, a cultura de vitória não está,  por imaturidade ou deformação, ao alcance de todos. Pena que o técnico  portista se reclame discípulo de Sir Bobby Robson, que nunca se prestou a  espetáculo semelhante, numa carreira longa e preenchida. Pode ser que  aprenda.
Há, no entanto, outro sinal a explorar pelos adversários:  a dependência que a equipa vem revelando face a Hulk. É evidente que o  brasileiro foi, ao longo deste arranque de época, o jogador mais  explosivo e gerador de desequilíbrios a atuar em Portugal. Mas fazer  dele o “sentido único” fragiliza o coletivo. Hulk, sendo pontualmente  arrasador e brilhante, ainda está longe da consistência – e, insisto,  isso também passa pela forma como se desgasta em quezílias e  reclamações. Neste jogo em particular, com Varela e Belluschi muitos  furos abaixo do que já se lhes viu, com Falcão sem serviço e com Fucile a  deixar-se dominar pela tremideira, Hulk ficou com todo o peso sobre os  ombros. Respondeu bem na jogada do golo e em mais meia dúzia de lances.  Mas desperdiçou muito, errou demais, deixou à mostra o seu exasperante  egoísmo. Culpa própria? Claro que sim. Mas também responsabilidade de  quem o elevou a herói por causa de duas sentenças distintas – mas ambas  condenatórias – à saída… de um túnel. 
Já se sabia da perene  dependência que o FC Porto mantém relativamente a Jorge Nuno Pinto da  Costa e aos seus contactos. Mais uma dependência pode ser perigosa, ou  mesmo fatal, para quem quer  ganhar tudo. (In Record, João Gobern)
Fantástico artigo de opinião dum benfiquista!
Fantástico artigo de opinião dum benfiquista!










1 comentário:
Grande crónica de João Gobern!
http://forcamagicoslb.blogspot.com/2010/10/andamos-brincar.html
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