sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Pinto esperto

Até o Rui Santos escreveu sobre o canto da sereia de Pinto da Costa.
1- É Natal, é Natal, mas... Pinto da Costa sabe que, ao elogiar Jorge Jesus, está a tentar semear a divisão e a discórdia no Benfica.
O presidente do FC Porto nunca deixou estas situações ao acaso e, ao longo dos anos, foi refinando a sua apetência por “marcar” os treinadores com uma espécie de “ferro em brasa”. Surge a mensagem, quase sempre indireta, do ‘interesse em’. É uma espécie de condicionamento psicológico. Quem não gostaria de treinar o FC Porto? Não faltavam candidatos ao lugar ocupado por André Villas-Boas. Candidatos antecipadamente “marcados”. Ou por serem (ex) discípulos da “escola”. Ou por se terem revelado noutras paragens. Ou por serem cobiçados pelos adversários. Pinto da Costa é assim: estratego, tudo em benefício da maior das suas “paixões” (embora muito bem remunerada), o FC Porto.
Jorge Jesus, por se ter tornado treinador do Benfica, achou que não deveria ajudar no combate ao “FC Porto de Pinto da Costa”. São públicas as manifestações de simpatia entre o presidente portista e Jorge Jesus. Na Luz, essa “independência” do seu técnico nunca foi muito bem entendida nem digerida. Porque entre o “direito ao afeto” e a “lógica da instrumentalização”, nem sempre vence a razão.
A defesa tardia de Jorge Jesus por parte dos responsáveis benfiquistas (nestas matérias, as hesitações só são legítimas durante um par de horas...), num momento em que os resultados deixaram de combinar com o fulgor da época passada, levou Pinto da Costa a “forçar a nota” e a “carregar nas tintas” no âmbito de uma ampla solidariedade às competências de Jorge Jesus, no seguimento dos elogios protagonizados por André Villas-Boas sobre o mesmo assunto.
É Natal, é Natal, mas, entre palhinhas, apetece perguntar: afinal, quem é o burro?...
2- Laurentino Dias ia explicar na SIC o “caso Queiroz”. Não explicou nada. Limitou-se a abanar a cabeça e a fazer, panegiricamente, elogio da ADoP e “do Luís Horta”. Como se estivesse em causa a justa mas deslocada luta contra o doping. Se foi perseguição pessoal? Não! Se foi perseguição política? Não! Estávamos todos à espera (é Natal, é Natal...) que respondesse “sim” (pois claro!). Às perguntas sobre o papel do Estado no processo de aquisição de legalidade por parte da FPF, ficámos a saber que pode (...) até certo ponto. Pode o que pode. O resto são os clubes, as associações e a FIFA que têm de resolver. Mãos limpas. E, mesmo o que parece lógico (não apoiar uma FPF ilegal em tempo de candidatura ao Mundial-2018), “pois sim, pois é, mas...”. Conclusão: o secretário de Estado do Desporto não manda nada e a lógica de antanho do “corta-fitas” não faz nenhum sentido num sector que necessita – como todos os outros... – de forte regulação.
3- Morreu Aurélio Márcio, o verdadeiro “jornalista da bola”, pragmático, às vezes rude na escrita, sem lirismos poéticos nem gongorismos de nos fazer suar as estopinhas. Foi o último. Não há mais. O último dos magníficos. Vinte anos depois de Vítor Santos, que punha o Aurélio a correr que nem um extremo. E o Farinha. E o Pinhão. E o Ferrari. Os “5 magníficos d’A Bola”, que nem o jornalismo nem o futebol souberam homenagear. Com eles, também morreu uma parte de mim, mas, em vida, tentarei recordá-los... “até morrer”.
(Rui Santos, Record)

2 comentários:

MG disse...

espero que rui santos, siga o exemplo desses grandes jornalistas, que contra a corrupção (se fossem vivos) não se calariam nunca!!!
São os meus votos de ano novo.

MG
mastergroove2010.blogspot.com

Manuel Oliveira disse...

Também eu, caro Master!

Abraço.

Related Posts with Thumbnails