sábado, 4 de dezembro de 2010

A propósito da não escolha para sediar o Mundial-2018

Quanto mais não seja para não ter que levar com Madaíl e Cia., gostei que a candidatura Espanha/Portugal não tivesse sido escolhida.
Ontem o País ficou triste. Precisava de uma alegria, agora que à crise promete suceder mais crise. E os jornalistas, antes do anúncio da escolha da Rússia e do Qatar como organizadores dos mundiais de 2018 e 2022, faziam render o peixe. E faziam de claque, como é mau costume nestes momentos. Será que iríamos ser os escolhidos? Sim, a candidatura era tratada como nossa e só por arrasto de Espanha.
Enquanto ouvia os jornalistas senti-me recuar às vésperas de 2004. A mesma excitação nacional acrítica. A mesmo impossibilidade de pôr em causa aquela estúpida e irresponsável aventura em que nos envolvemos. A mesma festa mediática que retira aos jornalistas a sua função de informar e os transforma em cheerleaders da Nação. O mesmo patriotismo alegre que os políticos usam para animar as massas quando mais nada as pode animar. O mesmo provincianismo que se baba quando alguém fala de nós, mas que se esquece de olhar para a fatura desse momento de glória.
Claro que Portugal não pode parar para se entregar à depressão coletiva. Claro que tem de fazer investimentos para colher os frutos. Mas não podemos, por uma vez, ser mais imaginativos? Temos de saltar de organização de evento em organização de evento, sempre em cima de mais e mais betão?
Felizmente perdemos. Seríamos um caso único na organização de um Euro e de um Mundial tão próximos. Seria a confirmação de que não aprendemos nada com o desastre financeiro que foi e continua a ser o Euro. Claro que há quem diga que a coisa se paga a si mesma. Como se pagava o Euro e a Expo 98. Não pagaram, como sabemos. E há riscos que não podemos mesmo correr agora. Felizmente, por escolha de outros, safámo-nos. Pelo menos uma boa notícia. Festejemos então a nossa derrota.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mas a rússia terá sido uma boa escolha, quando há tanta crise mundial? e naquele país que a diferença dos ricos e dos pobres ainda é maior que em Portugal?

http://forcamagicoslb.blogspot.com/2010/12/missao-cumprida.html

Manuel Oliveira disse...

Ainda bem que não veio para Portugal, especialmente pelo Madaíl e Cia.

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