sábado, 13 de novembro de 2010

Coisinhas de pormenor

Em tempos remotos assistíamos estupefactos à protecção dada ao xico-espertismo e contíguos prevaricadores do futebol indígena. Com as metamorfoses próprias de uma era em que a informação flui rapidamente, em tempos correntes apenas e só consideramos o que se passou no Dragão como mais um episódio normal, na linha do que é o futebol português, protector de quem a si próprio perverte e corrompe. A CD da Liga, cumprindo minuciosamente o relatado pelo próprio delegado da Liga - João Eusébio - e pelo árbitro do clássico - Pedro Proença, puniu o FC Porto com mais umas multas das habituais, apoiada em regulamentos obsoletos e feitos à medida...

A Comissão de Disciplina, dentro do apanágio da benevolência e multas irrisórias (em determinadas circunstâncias) com que nos brinda semana após semana, apreciou os acontecimentos e enquadrou-os no artigo 147.º do Regulamento («Agressões simples com reflexo no jogo por período igual ou inferior a 5 minutos»), evitando assim o artigo 140.º («Agressões graves em geral»), o que conduziria a uma pena para o FC Porto que poderia envolver a interdição do Dragão de 1 a 4 jogos.


Para chegar a essa conclusão, fez uso do que João Eusébio relatou; «Registou-se o arremesso de diversas bolas de golfe, por parte de adeptos do FC Porto, que acertaram no guarda-redes Roberto e que obrigou a interrupção do jogo para assistência médica ao minuto 47» e, também do vinculado por Pedro Proença; «O jogo foi interrompido aos dois minutos de jogo (2.ª parte), durante um minuto, por terem sido arremessados diversas bolas de golfe pela claque afecta ao FC Porto, tendo atingido o guarda-redes do SL Benfica que teve de ser assistido». A resoluta CD fez o resto, ficando para a posterioridade mais uns episódios, apenas e só punidos com 4.200 euros de multas. A provocação e a agressão foram naturalmente uma coisa de somenos...

Da Invicta para a Cidade-Berço, curiosamente – ou talvez não – as bolas de golfe esgotaram em Guimarães em vésperas de derby minhoto. Bem, se há coisa que não podem acusar os portugueses é de não acreditarem em coincidências desta natureza. Por este andar rapidamente atingiremos o estrelato mundial da modalidade, Tiger Woods que se cuide...

«Porque não?» dizem os jovens mais fogosos, confundidos entre espírito ultra e hooliganismo. Dê por onde der é cool e tal, pedras é coisa do passado. Ora, se num jogo – com o compadrio da direcção caseira e das forças de segurança (seriam agentes desportivos?) – se deixa entrar um frango e um tal macaco mais tarde se regozija do feito sem consequências de maior (e até responsáveis glosam o tema), umas quantas bolas de golfe é coisa pouca. Ficámos aliás curiosos por saber quantos objectos foram barrados no relatório das tais forças de segurança da Invicta, que aparte servirem de guarda siciliana do chefe de caixa lá do sítio, de aviarem um tal de Bexiga e serem uma metamorfose de um outrora Abel, nos deixam ainda assim cépticos quanto às suas vinculadas competências.

Falando dos nossos antepassados, em particular de um tal de Madureira que no nosso Portugal tem (teve) na sua garagem na vivenda da Madalena (zona célebre do Porto) 2 Porsches auferindo o ordenado mínimo – um hino à produtividade, e garantimos que não foi só a vender bolas de golfe -, devemos também acreditar que a relação umbilical com Pinto da Costa é mais uma das habituais coincidências, isso aparte do tal frango e das bolas de golfe passarem despercebidos às outras forças de segurança, da inefável PSP do Porto que no penúltimo jogo da Liga 2009/2010 relatou todas as anormalidades com um... «tudo normal». Como normal foi agora, portanto...

Desconhecemos se porventura os responsáveis da LPFP e em particular do CD desta são adeptos de golfe, mas o que poderemos assegurar desde já é que a bola é ligeiramente diferente de uma de badminton. Digamos que é mais consistente... e pesada! Para além de que, com a benevolência demonstrada nas multas, com um bode expiatório, permitam-nos dizer que nos resta apenas esperar pela próxima, não sabendo se um destes dias, numa perfeita simbiose gravidade-pontaria, não se sucederá um episódio mais triste.

E, com essa curiosidade suplementar de saber se deveremos passar doravante a ir para o estádio equipados a rigor, se com capacete, escafandro ou acompanhado de um caddy, seguro só foi mesmo que ninguém pelo Dragão lamentou o sucedido. Como será doravante? Alguém acredita que nada acontecerá? Ora, não é preciso sermos um Einstein para conhecer a natureza da escória, admitindo arrogantemente que episódios como os sucedidos muito os embevecem e são motivo de regozijo.

Talvez por isso os responsáveis futebolísticos portugueses devam ponderar ser responsáveis PELO Futebol Português, quiçá devam ter mão pesada para o que a imprensa se apressa em abafar e desvalorizar, para mais quando não parece haver vivalma a subscrever a vergonha ou a lamentar o sucedido.

Uma coisa podemos assegurar, interditando o Estádio do Dragão – aparte das habituais comparações nestas circunstâncias que farão referências ao Benfica como denominador comum da violência e outras balelas -, contribuir-se-á para que doravante as forças de segurança sejam mais competentes, instruídas que estão pela direcção do clube a fazerem o seu trabalho. Essas e outros primatas.
Perante estes acontecimentos repetentes que esperam, já não dizemos os dirigentes da Torre das Antas porque esses já denunciaram a sua conivência há muito, mas os dirigentes da Liga e da FPF, a Secretaria de Estado do Desporto (será que teremos que arranjar um problema de doping?) e o Ministério da Administração Interna para agirem? Ou será que estão à espera de novos problemas quiçá muito mais graves, para depois virem candidamente lamentar-se e sacudir a água do capote?
(Anti-Benfica.com)

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