Fazem-se muitas comparações entre Hulk, o futebolista, e o herói da banda desenhada. E, à força desses paralelos, o jogador Hulk tende a copiar esse herói. Na última jornada, quando viu um defesa do Beira-Mar aproximar-se dele, deu um salto e ao mesmo tempo gritou “Ahhhh!” Só faltou mesmo ficar verde. E o árbitro apontou para a marca de penálti. É a terceira vez nesta época que o FC Porto ganha 1-0 com um penálti-fantasma. As outras foram contra a Naval e o Setúbal.
Mereceu ganhar esses jogos? Talvez. Mas o que conta no futebol são os golos. E os golos que deram essas vitórias resultaram de favores dos árbitros.
Não quer isto dizer que o FC Porto não seja um líder justo. No cômputo geral, tem sido a melhor equipa. Mas também é impossível ignorar que tem “seis pontos seis” oferecidos de bandeja. E que o Benfica está hoje a praticar um futebol de melhor qualidade. No último domingo, contra o Nacional, chegou mesmo a deslumbrar. Deslumbrou tanto, que chegou a deslumbrar-se a si próprio – e, depois de marcar por três vezes e falhar sucessivas oportunidades, poderia ter consentido o empate.
Mas, voltando à vaca fria, é preciso dizer que há neste campeonato uma propensão nítida para marcar penáltis a favor do FC Porto. Às vezes, olhando para os árbitros, parece que só estão à espera de uma situação confusa na área do adversário do FC Porto para apontarem para a marca de grande penalidade. Porquê? Responda quem sabe. Até porque, noutros campos, verifica-se o oposto: há faltas claras que ficam por marcar. Mas é preferível isso. Péssimo para o futebol é os adeptos saírem dos estádios com a sensação (revoltante) de que a sua equipa foi derrotada pelo árbitro.
(José António Saraiva, in Record)
Este senhor de vez em quando tem umas crónicas engraçadas!
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