A maior prenda para 2010 que o F.C. Porto, enquanto clube e instituição pode oferecer a si mesmo, e por inerência aos seus adeptos, é uma dose excepcional de clarividência. Pelas razões que se seguem.
É oficial: Este ano temos adversário. Esqueçam as cantigas de embalar com que durante anos a imprensa brindou os adeptos Benfiquistas e que nós tanto agradecemos. Vem em todos os manuais clássicos de estratégia militar: “Numa guerra, não há melhor artifício do que ludibriar o adversário”. Se se tratar de um adversário que se ludibria a si mesmo, então é mais de meio caminho andado para a derrota. Foi assim o Benfica durante anos a fio, confiantes no início de cada temporada da sua inequívoca superioridade, como se esta fosse algo de inerente e intrínseco à sua condição, e olhando para o Porto de soslaio, sem se aperceber da pequenez do seu gesto (e consequentemente, do seu comportamento dentro e fora dos relvados).
Decidiram este ano apostar as fichas todas e estão a recolher os seus dividendos. Despertaram a sua imensa massa adepta da inércia em que havia mergulhado e estão decididos a tomar de assalto todos os relvados deste País. Este é o cenário com que nos deparamos, e é com ele que teremos e conviver até ao fim. Tudo isto pode constituir para os adversários motivo de apreensão e até de alguma inveja pelas proporções da onda de entusiasmo que se gerou - apoiada também no futebol que a sua equipa vem praticando.
Pois bem, é precisamente aqui que terá de entrar a clarividência que referi no início da crónica. Porque aqui (quase) nada é o que parece, e os factos supra-citados, sendo impressionantes, nunca poderão constituir referência para um clube como o Porto. Porquê? Simples, jamais se serviu deles…
O Porto construiu todo o seu sucesso tendo como base a profissionalização que atingiu o clube de alto a baixo e uma estrutura que se vem mantendo inalterável desde os primórdios da dupla Pinto da Costa-Pedroto. É gerido por pessoas reconhecidamente competentes para a função e todo o Treinador que lá põe os pés sabe que possui as condições necessárias para singrar. No balneário existe um código de conduta a que todos se submetem. E pelo menos um jogador a simbolizá-lo. É daí que advém a chamada Mística Azul e Branca. Uma forma de conceber o futebol que não é palpável mas cuja força se repercute em conquistas; foi ela que nas últimas décadas mobilizou o Norte (e não só…) e nos conduziu à vitória.
Enquanto que um clube como o Benfica se serve naturalmente da sua massa adepta como fonte de alimentação e factor de dinamização (ou seja, o fluxo de energia vem de fora para dentro do clube), já com o Porto sempre ocorreu o contrário, tendo o clube conseguido por méritos próprios tornar-se uma “máquina” capaz de alimentar o ego dos seus adeptos à base de títulos e mais títulos (ou seja, o fluxo vai do clube para os adeptos e daí regressando novamente – e fortalecido - ao clube, numa sinergia perfeita). Em 30 anos, o Porto tornou-se um dos melhores clubes do Mundo e nós adeptos – eternos insatisfeitos como há poços - sabemos o papel que também desempenhámos nisso. Cada um vive segundo a sua realidade e pelas suas regras.
A medida da euforia das gentes Benfiquistas não é mais do que a medida real da sua fome, depois de tantos anos a venderem-lhes gato por lebre. Olhamos para eles e estranhamos tais comportamentos (até porque eles ainda nada ganharam!). Eu sou um Portista, Tetra-Campeão - como todos- e que cresceu na era da abundância – como muitos – e já não pertenço à geração dos que assistiram ao calvário de quase 20 anos sem ser Campeão, mas sempre que passo os olhos por uma fotografia desse dia que pôs termo a 2 décadas de jejum e olho para as expressões de jogadores, treinador e dirigentes vejo algo de mágico: O recuperar da ilusão, como que a celebrar o fim de um pesadelo e a crença num futuro diferente (estavam todos eles ainda longe de imaginar quanto…).
Desconheço se algum adepto Benfiquista irá ler estas linhas, mas a acontecer, deixo-lhe uma mensagem: Aproveitem este estado de graça, porque nós Portistas já passamos por isso tudo e estamos bem à vossa frente. Vocês ainda estão a tentar escalar a montanha enquanto nós lutamos para nos mantermos no topo ano após ano. Ganhámos esse direito e não há segredo na receita: muito trabalho e espírito de sacrifício. Foi assim que o F.C.Porto se tornou num Clube de referência, exemplo de competitividade e gestão, e Case-Study no panorama do Futebol Europeu.
Faço por isso um apelo ao bom-senso de todos os Portistas. Mais importante do que andarmos a colocar em causa a planificação desta temporada ou argumentar sobre se deveríamos atacar no mercado de Inverno jogador A, B ou C, o momento é de confiar nas pessoas que detêm o poder de decisão (mereceram esse crédito, e fizeram-no à custa de vitórias) e quiçá aceitar que, após épocas a fio a perdermos os melhores jogadores talvez necessitemos finalmente de uma temporada de transição. Quer isso dizer que este campeonato é descartável? Claro que não! Aliás, impedirmos que o Benfica vença este Campeonato seria um golpe incomensurável maior do que muitos imaginam. Mais até do que a conquista do segundo Penta da nossa história, iria deixar um adversário directo e crónico candidato ao título de rastos.
Deixemo-nos de meias palavras: Depois do esforço efectuado no início da temporada para tornar a equipa competitiva (e que obrigou a que ainda à uns dias aprovassem um aumento de capital para que o clube saísse da situação de falência técnica), se o Benfica falhar este ano ninguém poderá vaticinar as consequências.
Já o Porto tem um rumo e um modelo devidamente sustentado do qual não se pode ou deve distanciar. Podemos até estar mais irregulares do que noutros anos, mas é precisamente quando mais a tomam por fraca que as nossas equipas melhor respondem.
Como é bom acordar na alvorada de cada Campeonato e saber que o meu Clube já nada tem a provar e tudo para conquistar. No início era a fome… agora é o vício! Não o troco por nada.
(In blog "a mística azul")
Como puderam ler neste post dum portista, diria consciente apesar duns pequenos delírios, ele vem alertar os demais da nossa força esta época e da necessidade de ser impedida a todo o custo a nossa vitória para nos deixar na bancarrota! Já não é novidade para ninguém que temos de estar muito atentos!!!
João Gabriel ARRASA Proença!
Há 5 meses
2 comentários:
Eu discordo do que foi dito no comentário anterior. Obviamente que este espaço é (deve ser) para falar do Benfica mas não podemos deixar de destacar o "medo", que os corruptos têm de nós neste momento. Por outro lado, se não soubermos o que eles pensam estaremos dando armas ao inimigo. Para combatê-los temos de saber o que pensam. Esta é a minha opinião!
Cheguei agora aqui e vejo a conversa animada. Um que concorda, outro que discorda do post.
Bom, não deixo de dar alguma razão ao benfiquista "sigmund" só que apesar do texto ser grande, tinha muita coisa interessante (???) que focava o receio, o medo até, do nosso Glorioso, para além da baboseiras de que só eles acreditam nelas. Então preferi publicar tudo. Isto foi um exemplo dos muitos que pude ler nesse blog e noutros que constam por lá. Em dia de poucas notícias, houve tempo para ler o que dizem os corruptos.
Apareça sempre!
Abraço glorioso.
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