Dois reforços, um problema

As aves agoirentas já a procurar problemas.

Não será dor de corno?

Com as chegadas de Artur Moraes e, mais recentemente, de Eduardo, Jorge Jesus – e, por consequência, o Benfica – ganhou dois extraordinários guarda-redes, mas comprou um problema.

Sobre a qualidade de ambos, nada há a acrescentar. O brasileiro mostrou no Sp. Braga, e já nesta pré-época das águias, ser um guarda-redes seguro, de confiança, que se sabe posicionar e, não sendo um guardião de “defesas impossíveis”, raramente é apanhado em falso. O português é o titular da Seleção Nacional (será um regresso de um jogador do Benfica àquela condição) e é uma referência entre os postes. Consegue evitar “golos feitos”, mas, às vezes, torna-os mais fáceis do que o esperado pelos adversários. No “deve” e “haver” ninguém tem dúvidas sobre a sua qualidade.

Então qual é o problema? O problema é precisamente esse: são dois grandes guarda-redes e só há lugar para um. Com a agravante de que ambos chegaram para ser titulares e nenhum encaixa bem na condição de suplente. Já para não falar no afastamento definitivo de Roberto, sobre o qual se passou uma esponja no que à contratação milionária diz respeito. Menos mal, pois sempre se encontrou uma solução para quem não serve.

É claro que há competições para todos e até a esperança Mika terá oportunidade de jogar, mas ser titular no campeonato não é o mesmo que atuar de vez em quando noutras competições, mesmo que estejamos a falar da Champions.

Eduardo chega emprestado por uma época e com o objetivo de competir regularmente para manter a titularidade na Seleção, tendo o Euro’2012 à vista. Deverá ser ele o titular habitual. Mas e se falhar ao bom estilo de Roberto, tal como por vezes acontece? Conseguirá Jesus aguentar a pressão dos adeptos, que sabem ter no banco um guarda-redes de confiança como Artur? Por outro lado, seja qual for o titular, ficará o outro guarda-redes satisfeito por ser suplente? Este é (mais) um problema que o Benfica não precisava.

(Luís Milhano, in Record)