1. O Correio da
Manhã noticiou esta semana um jantar ocorrido no dia seguinte (não o da
SIC Notícias) ao jogo entre o Benfica e o FC Porto, a contar para a
Liga, disputado a 2 de Março, com a vitória a pender para os atletas do
Norte.
Juntos, à
mesma mesa, em restaurante de luxo lisboeta, alimentaram-se o
responsável (?) governamental pela área do desporto, Miguel Relvas, o
presidente do FC Porto, o empresário Joaquim Oliveira e ainda o multiuso
Fernando Seara e sua esposa.
Filipe Vieira, ausente neste
repasto, não gostou da composição deste (ficou “muito incomodado”), por
certo, espontâneo grupo de convivas. Vai daí, noticia-se, o Benfica terá
desistido de participar em torneio a realizar em Angola que contaria
coma presença do FC Porto e era “promovido” pelo ministro.
Fonte
próxima de Miguel Relvas assegurou ao CM que o jantar de 3 de Março foi o
único em que o ministro esteve com Pinto da Costa e frisou que tal já
aconteceu com outros dirigentes desportivos, caso de Luís Filipe Vieira,
com quem já jantou três vezes.
Logo, e para já, 3-1 a favor de Luís Filipe Vieira.
2.
Não há – já muita gente o disse – almoços grátis. Outros adiantaram o
pequeno-almoço. O jantar, como refeição, não parece fugir a esta regra
das refeições em Portugal. “Fonte próxima do processo” confirmou-me,
todavia, que cada um dos presentes no repasto pagou a respectiva parte
(dúvidas há se Fernando Seara pagou só o seu ou o da sua mulher ou se
sucedeu o inverso). Todos os convivas, é certo e seguro, “puxaram” dos
seus cartões multibanco e a máquina veio à mesa, pessoa a pessoa.
Contudo,
independentemente de a nossa fonte merecer toda a confiança, e não
colocarmos em causa a forma de pagamento do repasto, o que fica
verdadeiramente por explicar – e nunca será explicado – é qual a razão
que leva este ministro e tantos outros membros do Governo – deste ou de
passados – a jantar tanto e com tanta gente.
3. Na
verdade, se dúvidas houvesse, fica sempre no ar a suspeita de que as
decisões políticas são alinhavadas, pensadas e, por vezes, mesmo
tomadas, em redor de uma boa refeição, bem longe do escrutínio público
que é exigido num Estado de bem.
Sucede, também aqui não temos muitas dúvidas, que Portugal já não é – se é que alguma vez o foi – um Estado de bem.
Este
território, superiormente definido em tempos (por Almada Negreiros)
como a África dos europeus, é, cada vez mais, um local mal frequentado.
Esta
e outras notícias, no desporto ou em outra área da nossa vivência
colectiva, são apenas migalhas que ficam para trás de um agir contínuo e
omnipresente.
4. Não temos hipóteses.
PSD1:
E pré-explicou (antes das notícias do CM) Fernando Seara: “Quem
impulsiona a notícia fez as mesmas coisas, noutras circunstâncias, com
as mesmas pessoas. Portanto, já viu o quê?”
PSD2: Por que
razão Mestre Picanço não foi ao jantar? Não tinha cartão multibanco? Ou
servirá ele apenas para receber o presidente do Sporting a apresentar
queixas dos árbitros?
José Manuel Meirim é professor de Direito do Desporto
Excelente!